AMES na Cordilheira dos Andes
- Cláudia Pereira e José Luciano Cavalheiro
- 26 de out. de 2015
- 14 min de leitura
Da ideia ao planejamento
A AMES na cordilheira apareceu como uma possibilidade de viagem de expansão do horizonte de atividades e de conhecimentos. Mas também em conhecer um lugar que fica em “nosso quintal”. Uma contra-partida as nossas aspirações de alta montanha de locais muito distantes e que normalmente apenas assistimos... Um lugar que, para conhecer, precisa-se mais de boa vontade que de qualquer outra coisa!
Nas reuniões da associação que seguiram em 2014 formou-se um grupo interessado e com a tarefa de viabilizar essa “expedição” aos sócios. O lugar escolhido foi a Quebrada del Vallecitos dentro do Parque Provincial Cordón del Plata, localizado na província de Mendoza, na Argentina.
Decidimos que a viagem seria de carro, com aproximadamente 2.300km, até a cordilheira e, tendo como bônus, uma visita a Santiago no Chile. Então iniciamos os preparativos dos documentos pessoais e o material necessário para trafegar com os veículos nos países que ingressássemos.
A viagem

Marcamos a partida para sexta-feira 16 de Janeiro de 2015 no posto Shell da BR116, próximo do Bourbon em Canoas. Com a chegada dos viajantes, começamos o acerto das bagagens, conferimos os detalhes finais e saímos por volta de 06 horas da manhã. O trajeto no estado foi tranquilo. Depois de chegarmos em Uruguaiana no meio da tarde, decidimos ingressar na Argentina e seguir até algum camping ou hostel. Como o trâmite aduaneiro foi rápido e tranquilo, aproveitamos para fazer câmbio. O primeiro embate foi a parada solicitada na primeira de muitas barreiras de la policia caminera argentina, que além da documentação e itens de uso obrigatório, nos perguntou sobre nosso destino imediato! Entretanto, foram calmos e educados, nos deixando bastante tranquilos para as futuras paradas. Chegamos no camping municipal da cidade de Federal às 20h40min, onde, para nossa surpresa, sem custo algum, acampamos. Foi nesse dia que por mais tempo dirigimos (900km) e que encontramos o pior trecho de estrada. Uma noite para descansar e aliviar os pensamentos que nos estavam estressando!
No dia seguinte, não precisamos sair muito cedo, pois planejamos depois de desayunar e abastecer os carros, seguir até Rosario onde ficaríamos na casa de amigos argentinos. Contudo, demoramos mais que o esperado para encontrá-los dentro da cidade... Após um city tour na cidade e um assado argentino na casa dos anfitriões, fomos até tarde conversando.


Na manhã seguinte, acordamos 4h da madrugada para sairmos cedo. Nosso café da manhã foi às 6h numa estacion de servicio que paramos para abastecer na saída de Rosario. O trecho até Mendoza foi feito passando por muitas estradas e longos períodos rodando sem vermos cidades próximas, pouco movimento na estrada e controlando bastante a quantidade de combustível no tanque, além de muitos pedágios (sete para sermos exatos). Foi aí que começamos a perceber as mudanças na paisagem avistando as primeiras montanhas, o que deixava todos muito mais animados.
Mendoza
A chegada em Mendoza foi ao final da tarde do dia 18 de janeiro, quando após nos acomodarmos aproveitamos para conhecer um pouquinho o movimento da noite argentina. O centro da cidade, bem animado, foi o local para descontração e descanso dos longos dias dirigindo. O clima, de verão, bem agradável convidava ao passeio noturno, apesar do cansaço. Uma curiosidade da cidade foi observar que a mesma possui, entre a rua e a calçada, algo parecido com umas canaletas abertas por onde passa uma água aparentemente limpa.
O próximo dia foi de conhecimento do local e apreciação dos pontos turísticos e históricos da cidade, assim, muitas vezes juntos, outras divididos em grupo, nos entregamos a “turistar pela casa dos vizinhos”. Como era uma segunda-feira os museus estavam fechados, infelizmente, então foi o tempo para conhecermos la municipalidad, as praças, o centro da cidade, e averiguar os preços para possíveis compras. Um local imperdível é o Parque San Martín e o Cerro de La Gloria, o principal e mais antigo parque da cidade, um lugar lindo com 400 hectares de área e mais de 30 esculturas que contam um pouco da história da luta pela independência da Argentina.
No final do dia, era arrumar as mochilas para a “cereja do bolo”: nosso trekking que começaria na manhã seguinte, terça-feira, dia 20 de janeiro. A noite, fomos abastecer e encontramos dificuldades no pagamento com cartão (com chip).
Vallecitos
Preparativos finais feitos, últimas compras, organização do material... Chegou o grande dia. A saída foi por volta das 5h30min, para os que estavam com carros encontrarem os demais em frente ao hostel combinado. O clima era de empolgação com o desconhecido e a temperatura estava agradável. Pegamos a Ruta 7, em direção a Potrerillos e começamos a subir. A medida em que o dia ia amanhecendo, a chuva ia chegando, e apesar de termos passado calor em Mendoza, a cada quilômetro a temperatura ia baixando de forma inacreditável, ao ponto de chegarmos a 5ºC em determinado momento. No meio do caminho, a parada obrigatória no guarda parque, para realizarmos o cadastro, recebermos as instruções gerais, os sacos de lixo e as informações sobre os procedimentos durante o período de trekking. Uma questão importante para quem nunca foi pra montanha é levar muito a sério as orientações e principalmente os cuidados em sempre trazer tudo o que levou, não deixar nada na montanha. Após isso, mais um trecho de carro e estacionamos. Mochila nas costas e “pernas pra que te quero”, sempre a subir.
O trecho até o acampamento foi tranquilo. Subindo com calma, seguindo as limitações do corpo de cada um e aproveitando a paisagem que se escondia nas brumas. Acompanhados por uma leve neblina, fomos seguindo o curso de um riacho, e quando percebemos já estávamos lá, no acampamento Las Veguitas, nossa casa pelos próximos quatro dias, a 3.200m de altitude. A visibilidade era mínima e com a chuva acabamos montando acampamento logo que chegamos, nos aconchegando dentro das barracas para descansar. Mas, como a família AMES gosta de estar junto sempre, acabamos montando um ponto de encontro na barraca maior que como coração de mãe, acolheu a todos.

Muita conversa, papo gostoso e risadas. A noite chegou e após uma massa quentinha, localizarmos os baños, nos recolhemos para uma merecida noite de sono. Quando a noite caiu, a temperatura também, chegando a 0ºC.
A grande surpresa se deu na manhã seguinte, quando ao sairmos da barraca fomos presenteados com uma bela vista, as cores mais lindas, que nenhuma palavra aqui ou imagem fotográfica vai conseguir descrever o que fica gravado na mente daqueles que têm o privilégio de contemplar. Lágrimas correram em alguns ao apreciar a vista linda do vale e suas montanhas por todos os lados, algumas com mais de 5.000m. A sensação de que estávamos no alto devido ao grande trecho de subida feito sem nenhuma visibilidade se chocou com a percepção de que estávamos em um vale, nos fazendo perceber o quão pequenos somos diante da imensa natureza. Avistamos guanacos correndo livres pelas encostas, sem se incomodar com a nossa presença.

Após o momento de contemplação e a exploração do local, um café da manhã para abastecermos e partir para nosso primeiro objetivo: o cerro San Bernardo, a mais ou menos 5 horas de caminhada e 4.200m de altitude. O tempo muda rápido, entre sol e névoa que não nos permitia ver mais que dois metros a frente. A subida, extremamente íngreme, não foi fácil devido à muitos pedregulhos, a grande inclinação e a nossa dificuldade com a altitude, percebemos que havíamos subestimado o trecho. Próximo da Aguja CABA, devido a fadiga e dores, alguns decidiram retornar ao acampamento. Com muitas paradas cada grupo foi parando mais vezes de acordo com a sua condição física e sua percepção da capacidade corporal. Faltando uns 200 metros para o cume, alguns começaram a sentir náuseas e fraqueza, o que nos fez optar por uma parada maior para descanso, alimentação e após o retorno, considerando as condições climáticas muito instáveis e a hora já nos indicava a necessidade de desistirmos. O retorno começou por volta das 15h30, levando em consideração a visibilidade baixa e a necessidade de estarmos de volta antes da noite cair. O aparelho de GPS foi muito importante para mantermos o caminho correto no retorno. De volta ao acampamento, a chuva também retornou, após uma sopa quente, uma noite menos fria que a primeira.


A manhã do 7º dia de viagem foi de muito sol e aproveitamos a luz para momento de fotos. A previsão para o dia era um trekking mais tranquilo e curto até uma cachoeira. No caminho fizemos uma parada para primeiros socorros, afinal muitas bolhas acompanhavam alguns pés. Ao chegar ao destino previsto, percebemos que ainda, de acordo com o horário e o clima favorável poderíamos aproveitar para continuar a subir mais e assim o grupo se dividiu. Uns subiram em meio a filetes de pedras, meio caminhando meio escalando, a explorar a área enquanto outros retornaram ao acampamento. Durante a exploração encontramos uma pequena gruta, linda em meio ao labirinto montanhoso, na descida avistamos ao longe outra gruta, mas não pudemos chegar perto, já que era tempo de retornar. A névoa surgia e desaparecia o tempo todo. Na descida encontramos um casal argentino, nossos vizinhos de barraca. Conversamos um pouco e acompanhamos a mulher que aguardava o companheiro que estava no alto. O lugar era muito atrativo, conseguimos até fazer um boulder rápido. Neste dia, chegamos ao acampamento mais cedo e nos juntamos para um café e planejar os próximos passos. Era nossa última noite na montanha e fomos presenteados com uma linda e estrelada noite. Propícia para um bom jantar! Juntamos todas as sobras e fizemos aquele banquete: sopa, massa com molho e até feijoada. Mais fotos, imagens noturnas, click’s das barracas iluminadas e dormir.

No último dia, a manhã era destinada a um trekking até o próximo acampamento, Piedra grande. No caminho, muitos guanacos, vacas e cavalos. Acampamento base para outros cerros, ao pé da montanha, porém sem a facilidade da água que tínhamos no nosso. Após conhecermos, apreciarmos a avaliarmos as vantagens e desvantagens, pensando já em uma próxima viagem, retornamos com calma para desmontar tudo e organizarmos as mochilas para o retorno. É claro que as últimas poses fotográficas não poderiam faltar. A temperatura estava oscilando muito neste dia, as vezes nublado e frio, outras vezes o sol forte aquecendo com rapidez. Ao começarmos a descida a névoa novamente nos acompanhou até os carros. Organizados, passamos no guarda parque para informar nossa saída e rumar a Mendoza. Era inacreditável a diferença da temperatura em tão pouco espaço de tempo, chegamos com muito calor!

De volta a Mendoza
Depois de um reforçado café da manhã, havíamos combinado um encontro com todo o grupo para passarmos em alguns pontos turísticos da cidade, museus, aquário municipal, serpentário e afins, lugares muito interessantes, os quais recomendamos e com preços bem acessíveis. Após o almoço foi o momento da degustação dos famosos vinhos da região de Maipú (considerada uma das primeiras zonas de produção de vinho e uma das maiores de produção de azeitona), que fica 15 km a sudeste de Mendoza. Dentre as várias possibilidades, escolhemos a Bodega Viña El Cerno, uma empresa familiar, na qual tivemos a oportunidade de visitar desde a produção até o armazenamento dos vinhos. Passamos por um verdadeiro túnel do tempo, isso tudo antes da degustação e das compras de vinhos.
Aduana chilena: uma situação inesperada
A noite foi de descanso e preparação das mochilas, separando materiais para a próxima etapa da viagem. Na manhã de 25 de janeiro, 10º dia, a saída foi cedo. Nos encontramos, conforme o combinado, em frente a um dos Hostels para reorganizarmos as mochilas, já que, alguns dos materiais foram realocados no carro que ficaria em Mendoza. Um dos viajantes optou por uma experiência única, retornar a Vallecitos sozinho, durante o período da viagem ao Chile. Então fomos em dois carros para o Chile, enquanto Luciano ficou para aproveitar esses dias em mais uma estadia acampado.
Estávamos todos animados com o novo destino, o caminho foi maravilhoso, a paisagem encantadora, muitas fotos durante o trajeto e um trecho realmente muito agradável com conversas e risadas que tornaram o período ainda mais marcante. A chegada a Aduana Chilena nos trouxe uma situação inesperada. Ao começarmos a preencher os formulários e entregar a documentação, nos deparamos com um drama: “A Elisy estava sem os documentos”. O “momento da negação”, em que se busca incessantemente o encontrar o que já se sabe que não está ali, uma procura nas mochilas. Com a troca de carros, os documentos acabaram ficando em Mendoza. Bateu o desespero, o pavor pois como Luciano iria para Vallecitos, ficaria também incomunicável, situação que mudaria todos os nossos planos, pois teríamos que retornar. Os mais diferentes sentimentos surgiram neste momento. Buscas por alternativas foram aparecendo, tentativas de ligação através de orelhão, depois habilitando celular, ligando para o Hostel, a dificuldade de comunicação, já que quem atendeu no hostel não falava português e tampouco espanhol. Enfim, conseguiu-se contato com o Luciano, quando estava já em Uspallata, que estava a caminho para trazer os documentos. Tinha se dado conta da situação antes de nós mesmos. Os ânimos começaram a melhorar… O tempo foi passando, muito calor com um sol a pino e nenhuma sombra para amenizar a sensação térmica. Resumindo, o período na aduana chilena foi de 5h e 10min e todos queimados do sol.


Seguindo viagem, agora já no lado chileno continuamos nosso encantamento com a paisagem belíssima, os túneis, as imensas curvas e é claro as montanhas. Na chegada no Chile, nosso GPS deu uma travada e nos perdemos. Mais uma vez aquele “recalculando rota” nos arrepiou, e deu uma baixada no humor dos viajantes. E são momentos em que a convivência fica difícil e cada um tem que administrar sua capacidade de relacionamento e de improviso diante do inesperado. Mas, como das outras vezes, tudo se ajeita. Distribuímos cada um em seus locais de hospedagem, já que as reservas foram feitas em diferentes pontos da cidade. A ideia era conhecer a Santiago e realizar um trekking. Considerando o trânsito bem agitado, principalmente porque ficamos no IBIS Estação Central, decidimos deixar o carro e relaxar andando de táxi durante o tempo em que estaríamos ali.
Em Santiago…
No dia seguinte, cada pequeno grupo que estava alojado junto se dedicou a conhecer o que pôde e também as compras na capital chilena. Nós fomos ao shopping Las Condes, onde a diversidade das lojas de equipamentos de montanha e o imenso paredão de escalada instalado bem no centro no encantou. Acabamos aproveitando os preços e levando pra casa desde barracas até câmeras fotográficas, passando por costuras e freios, enfim, o dia foi de puro consumismo. Era importante prestar atenção no câmbio, afinal cada real valia 270 pesos chilenos.
A busca pelo contato com todo o grupo para acertar os detalhes para o outro dia, que era destinado ao trekking foi frustrada já que, algumas das informações davam a notícia de que a estrada que dava acesso ao Glaciar El Morado estava interditada. Alguns deram ideia de atividades juntos, outros queriam manter a ideia original. Enfim, a conversa foi longe e acabamos desistindo. Mais um dia em Santiago, agora para aproveitar e conhecer um pouco mais desta linda capital.
Um dos lugares que não se pode deixar de visitar é o Cerro Santa Lucía, bem no centro da cidade. Um verdadeiro parque, com praças, uma linda fonte e muitas escadarias que levam a um mirante para a cordilheira. O parque é uma das 12 paradas que se pode fazer através dos ônibus turísticos aberto da empresa Turistik. Tomamos o ônibus no mercado central, possibilitando descer nos locais desejados e, a cada meia hora, pegar o próximo ônibus que passar.
A arquitetura das igrejas e outros prédios são encantadores. Durante o trajeto você recebe explicações sobre a história da capital e sobre os diversos locais por onde passa. Um tempo deve ser dedicado a Plaza das Armas e ao Mercado Central, locais importantes para a visitação, e nos chamou a atenção o grande número de brasileiros trabalhando nestes locais, quando nos observavam falando português já procuravam matar a saudades e puxar conversa.
Uma hospedagem recomendada é um Hostel localizado na General Boonem Rivera, 2398, Ñuñoa, o local se compara a "Casa da Vovó", quartos com banheiros exclusivos, higiene impecável, Tv, ar condicionado e sob encomenda eram servidas refeições caseiras muito saborosas. E também ótimas compras fizemos na Tatto Adventure Gear, Avenida Los Leones, 81, Providência.
Enquanto isso em Vallecitos…
Começa uma jornada solitária. Retornando à cordilheira, um dos viajantes aproveitava para mais um tempo entre as montanhas. Havia deixado montado no acampamento sua barraca e dentro seu material de montanha. Voltou com mais suprimentos e com uma aclimatação melhorada com os dias de descanso na cidade. Aclimatação essa que se mostrou indispensável para qualquer trekking ou ascensão em alta montanha.
A ideia era alcançar o cume do San Bernardo (4.200m), que havia abandonado logo depois de passar pela Aguja CABA na primeira vez. Na sequência do primeiro cume fazer uma tentativa ao pico Mausy. Seriam apenas três dias, enquanto o outro grupo dos viajantes estava no Chile. O primeiro sentimento fôra um misto de euforia e solidão. Todos os “habitantes” do campo eram novos e não estavam muito amistosos.
A subida ao cerro San Bernardo iniciou bem cedo no dia seguinte do retorno ao campo Las Veguitas. Depois de um bom café da manhã e algumas fotos, a aproximação até a base foi rápida e tranquila. A subida inicial íngreme mostrou toda sua dificuldade com pedras soltas e exigindo bastante força física. Após isso segue se por um filo (crista) mais leve onde as pedras começam a aumentar de tamanho. Uma parada pra almoçar, conferir a altitude e fotos. Se passaram mais de três horas até este ponto e isso não é muito bom segundo um montanhista experiente do local que falamos na primeira vez. Continuando a subida, as pedras aumentaram num ritmo constante até ficarem como grandes blocos onde a atenção ficou redobrada, já que uma queda ou tropeço poderia ser bastante ruim! Hidratação e lanches se mostraram muito necessários para a manutenção da resistência. Essa parte da subida engana facilmente aparentando que o topo está muito próximo, contudo deve se continuar seguindo com atenção aos marcos (pequenos totens feitos de pedra) já que não existe uma trilha.

O cume foi alcançado por volta das 14h, após uma pequena escalada no final dos blocos. O corpo sente a altitude e a subida solo aumenta as percepções da dificuldade... Mas a vista é incrível e a sensação de superação formidável. O clima alternava entre frio, quando as nuvens tomavam o ambiente, e quente ao avistar o céu. Passado a alegria da “conquista do objetivo” houve uma constatação: o tempo foi além do que seria bom para tentar seguir até o pico Mausy. Fica para um retorno futuro! Então começa a descida após a contemplação do visual com muita atenção ao movimento das pedras durante cada passo. A chegada de volta ao campo aconteceu por volta das 17h30min, muito cansado e com uma fome por comida quente.
A noite que seria de descanso se mostrou apreensiva pois o clima mudou bastante. O frio veio intenso junto com uma chuva e um vento forte. A barraca, simples e não feita para este tipo de uso, sofreu muito e deixou apreensivo quanto a um possível dano. Contudo, a proteção da amurada e as grandes pedras usadas para esticar as cordas foram suficientes para a proteção.
No amanhecer, enquanto a chuva ainda continuava, iniciou se os preparativos para a desmontagem e posterior descida a Mendoza. O clima custou a melhorar e somente às 13h, e um almoço não planejado, começou a desmontagem da barraca, a última coisa que restava para deixar o campo e terminar de vez a experiência no Vallecitos. Às 16h estava dirigindo rumo a encontrar o grupo que estivera no Chile.
Parque Aconcágua e Puente Del Inca
Na saída do Chile, após alguns contratempos com o trânsito, nos encontramos e começamos o retorno. O caminho de volta foi divertidíssimo, muitas histórias, risadas e a troca das impressões das diferentes experiências vividas. A chegada na aduana foi uma piada, já que haviam alimentos de origem animal que não poderiam passar e por isso precisavam ser consumidos. Tudo certo e uma hora depois estávamos partindo rumo ao Parque Aconcágua.

Chegamos então ao parque, onde pagamos 20 pesos argentinos para entrar, mais um quilômetro de carro, estacionar e caminhar cerca de 1,5km até um mirante. Olhar o imponente Aconcágua, com neve, que parece tão perto e ao mesmo tempo tão longe desperta um desejo imensurável de subir. No parque um vento forte, gelado tornava a sensação muito fria, apesar do sol. A caminhada foi rápida e o tempo de contemplação foi grande. Ficamos ali, curtindo, admirando, planejando, sonhando, registrando e observando os caminhantes que passavam em direção aos acampamentos. Saindo dali, mais uma parada em Puente Del Inca, lugar lindo que também se torna uma parada obrigatória para os viajantes. Depois da compra de alguns regalos, partimos rumo a Mendoza para reencontrar o viajante que voltou ao Vallecitos, dormir e iniciar nosso retorno na próxima manhã. A chegada se deu pelas 21h.
Iniciamos o retorno na manhã seguinte com algumas pequenas confusões. Carregamos os carros, recolhemos os viajantes nos seus lugares de hospedagem e partimos mais tarde que o planejado. Nos desencontramos na saída de Mendoza e como nossos rádios tinham baixo alcance houve uma tensão nos ânimos. Resolvemos isso com uma dose de paciência e de sorte, já que o carro que saiu antes aguardou no acostamento, pouco depois de deixar a cidade. Com a cordilheira agora nas nossas costas, a vontade de logo retornar toma conta de todos, sem nem chegar em casa já pensamos!
A viagem de volta, com todas as suas pequenas desventuras, nos divertiu mais ainda além de mostrar o quanto é simples… Basta querer!
Alguns links de hostels em que ficamos, e outros lugares visitados:
Secretaria de turismo de Mendoza: www.turismo.mendoza.gov.ar
Hotel Geminis: www.booking.com/hotel/ar/geminis-mendoza.es.html
Tibet House Hostel: www.tibethouseargentina.com
Vinícola Viña El Cerno: elcerno-wines.com.ar/home/home_lista_es.php
Ibis Hotel: http: www.accorhotels.com/pt/hotel-2161-ibis-mendoza/index.shtml
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